O virtuoso violinista Gumercindo Saraiva de Moura nasceu na
cidade de Baixa Verde, atual João Câmara (RN), em 2 de junho de 1915. Filho do
Ferroviário, poeta, musicista e seresteiro Gabriel Saraiva de Moura e Maria
Arruda. Em 1927, o casal se separou em virtude da vida boêmia do marido, o que
resultou na partida de Maria para o Rio de Janeiro (RJ) junto com seus filhos;
Manoel, Geraldo, José, Jandira, Lourdes e Terezinha, deixando apenas
Gumercindo, na época com doze anos, que preferiu ficar com o pai, em Natal.
Ele morou uma temporada na casa de um professor de música,
no bairro das Rocas, que o ensinou a aperfeiçoar e a tocar, piano, acordeom e
violino, que foi sua grande paixão, um dom divino, tocava desde os
quatro anos de idade nas feiras livres, onde era levado por Gabriel. Desfrutou
da amizade da família de Luís da Câmara Cascudo,e também abrigou um tempo.
Casou-se com Wilhermin de Oliveira Saraiva (28/4/1914 –
18/4/2010) no dia 27 de janeiro de 1939, em Extremoz, onde se conheceram.
Tiveram quatro filhos: Maria Chaminade Saraiva Caldas (1940), nome dado por
sugestão do Maestro e amigo Waldemar de Almeida em homenagem a pianista
francesa Chaminade (Cécile Louise Stéphanie Chaminade); Gumercindo Saraiva
Júnior (1941-2010); Toinha (Antônia Maria Saraiva, (1945) e Sônia Maria Saraiva
(1959).
Seu primeiro emprego, foi de jornaleiro da Republica, mais
tarde foi trabalhar no escritório do empresário Chileno, Carlos Lamas
(1905-1972), na rua Dr. Barata, no bairro da Ribeira, outra grande escola e
experiência para Gumercindo. Começou a escrever para jornais por volta de
1932, sob Direção de Café Filho (João Café Filho, 1899-1970). Escreveu também
para os jornais “Comerciário”, “A República”, “A Ordem”, “Correio do Povo”,
“Jornal do Comércio”, “Tribuna do Norte” e “Diário de Natal”., entre outros.
No ano de 1933, foi criado o Instituto de Música, ano em
que Gumercindo ganhou uma bolsa de estudo para o curso de violino com o
professor José Monteiro Galvão. Em 1936, é lançada pelo Instituto de Música a Revista
Som, idealizada por Luís da Câmara Cascudo, Waldemar de Almeida e
Gumercindo Saraiva, como bandeira em defesa da valorização da vida musical no
Rio Grande do Norte. No dia 29 de dezembro de 1939, recebeu o Diploma de
concluinte do curso de teoria musical e solfejo e no ano seguinte, formou-se em
História da Música.
Fundou, na década de 1940, a Casa da Música, que foi um
marco na divulgação da música brasileira. Foi um dos primeiros comerciantes de
instrumentos musicais no estado. O prédio permanece na Avenida Rio Branco, 705,
no Centro, onde hoje funciona o Sebo Vermelho de Abimael Silva.
Gumercindo recebeu do famoso compositor Tonheca Dantas,
uma cópia do Dobrado “Gumercindo Saraiva”, com a dedicatória do autor:
“Ao
insigne musicista Gumercindo Saraiva, ofereço este Dobrado com seu nome
(Gumercindo Saraiva), como reconhecimento do que tem realizado em nossa terra,
em prol do desenvolvimento artístico-cultural do Rio Grande do Norte. Assinado
Tonheca – janeiro de 1945”.
Nota que diz: (ofertório contido na capa do Dobrado
intitulado “Gumercindo Saraiva, cujo original se encontra em poder do Tenente
Jacinto Carvalho, antigo mestre da Banda do 16º R.I.)”.
Leide
Cãmara – Pesquisadora de música brasileira,
Membro da Academia de Norte-rio-grandense de Letras
FONTE - JORNAL HOJE
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